Devaneios de Aniversário 2020

Há algum tempo tenho realizado um costume de escrever uma reflexão no mês do meu aniversário. No qual na maioria das vezes, entro em um período mais introvertido e de um certo modo acabo realizando um mergulho dentro de mim mesmo (OBS. só percebi que comecei a ficar introvertido pois alguns amigos acabam mandando mensagem se estou bem pois eu sumi do mapa…).

E neste ano especificamente, ficou mais propicio realizar este mergulho, e acabei indo mais profundo e por isso estou escrevendo esta reflexão neste momento, pois até compilar de um modo coerente (pois o mundo inconsciente não segue totalmente a mesma linguagem da consciência) necessitava de um tempo.

Quando realizamos esse processo de olhar para dentro é necessário uma maturidade, uma vivencia e uma sabedoria. Maturidade de olhar com toda sua história e respeitar; vivencia de se permitir sentir o que for necessário (tanto o que é bom sentir e o que não é bom sentir); e a sabedoria de compreender as situações e as razões do que sentiu e trazer um aprendizado com a experiência das sensações e sentimentos vividos.

A natureza do mundo que vivemos pode ser vista como um processo de dualidades entre os opostos (luz e sombra), criando definições sobre o que é bom e o que é ruim. Ao olhar mais atentamente, existe um limiar entre os opostos, e no qual vejo que a humanidade se encontra. Onde o mundo dos sonhos conecta essas realidades, e assim criando uma linguagem que muitas vezes mal compreendida, e muitas vezes deixamos o nosso lado instintivo (sobrevivência – Reflexo de viver) re-agindo com o ambiente que estamos. Toda sensação leva a um sentimento e o que leva a uma emoção, e com a compreensão desse movimento leva a um aprendizado de respostas para um determinado estimulo.

O ano de 2020 para mim estava trilhado para o fortalecimento do meu trabalho e assim também o meu reconhecimento como psicólogo, além do meu trabalho como terapeuta complementar/integrativo. E com a COVID19, a humanidade teve que diminuir o seu ritmo, e com a redução da velocidade, surgiu tempo de a humanidade sentir e perceber o mundo.

E essa nova percepção pode trazer para algumas pessoas a sensação de olhar para uma luz muito forte, trazendo uma certa “cegueira” até os nossos olhos conseguirem ajustar com a luz. Neste momento acabam trazendo a percepção que até então estavam dentro de uma caverna escura olhando somente vultos que a claridade de fora trazia para o fundo (mito da caverna – Platão).

Vários pensamentos e reflexões surgem e assim também sentimentos, que ao realmente entrar em contato com a luz, e assim também de uma certa forma também entrar em contato com as sombras (pois até então não havia consciência que estavam na sombra). E com isso surgindo reações que algumas são explicáveis e outras não, trazendo outras sensações de incoerência.

Podemos ter uma ideia das possibilidades que poderemos reagir, de acordo com comportamentos anteriormente realizados (aprendizados da própria vivência ou aprendidos com os nossos familiares), porem nesta situação que o mundo vive e com esta magnitude mundial e tecnologia há pouca referencia de como agir e reagir emocionalmente.

Pois até então, a nossa sociedade tecnológica manteve a nossa vida focada no externo (recompensa rápida e com intensidade alta), surgindo assim com muita força o que é chamado por Inteligência Emocional. Conhecimento este que veio ao estudar as múltiplas inteligências que a humanidade possui.

Eu sempre me vi entre essa dualidade entre o externo e o interno, porem nunca me senti confortável nestes campos e assim transitava entre eles (com muita tendência para o externo), e hoje me vejo em um outro ponto, o ponto que é um limiar entre a luz e a sombra.

Initiation Well in Castle Quinta da Regaleira – Sintra Portugal
 Poço de Iniciação na Quinta da Regaleira, Sintra, Portugal

Neste caminho é um percurso onde não há uma trilha reta, não há um caminho fácil, porem não há um caminho que não consiga seguir. Onde existe as possibilidades entre os opostos gerarem algo novo, criando novas possibilidades de ser e construir.

Resumindo, segundo uma filosofia oriental: 1+1=3.

Fernando Kobori Noguti